Círculo de Fogo

quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Em uma aposta pra lá de ousada, Guillermo Del Toro presta homenagem a um gênero extremamente underground (expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia), e nos entrega não só uma ficção científica de ação mais do que competente, mas um dos filmes mais divertidos do ano.


            Desde toda a pré-produção, Del Toro já deixava claro suas intenções: entreter através de homenagens a um gênero que já foi muito popular, que é o tokusatsu. Para quem não sabe, o termo tokusatsu significa "filme de efeitos especiais", e é sinônimo de filmes ou séries live-action de super-heróis produzidos no Japão. Hoje em dia o gênero é de nicho, mas essas séries faziam enorme sucesso em meados da década de 70.
            Eu sou da década de 90, e não acompanhei nenhuma das séries que marcaram os tokusatsus no Brasil, como Ultraman, Kamen Rider e Jiraiya, mas vi muito de uma franquia norte-americana que usa estas séries como base até hoje: Power Rangers. No final de cada episódio os heróis enfrentavam monstros gigantes e, para isso, utilizavam seus mega robôs, se digladiando e passando por cima de prédios e carros pela cidade.
            Revendo essas séries hoje em dia, fica fácil de perceber que as cidades nada mais são que maquetes, e que dublês fantasiados se passam por monstros e robôs. Mesmo assim, nos a adorávamos, e não é difícil nos pegar imaginando como seria tudo aquilo com a tecnologia de hoje. Del Toro nos fez este favor.
            O interessante é que eu não tinha expectativa nenhuma pra esse filme. Mesmo vendo os trailers, nada tinha me empolgado. Acho que o fato deu ter ido ao cinema sem esperar muita coisa, me fez curtir mais ainda. E essa surpresa é muito positiva, ainda mais estando acostumado a ver filmes que os trailers são melhores que o filme em si.
            O roteiro, escrito pelo próprio diretor em parceria com Travis Beacham (Fúria de Titãs), é simples: após anos em guerra com os monstruosos kaijus, criaturas imensas que invadem nosso mundo por uma fenda no fundo do Oceano Pacífico, a humanidade começa a desistir de lutar. Então, o marechal Stacker Pentecost (Idris Elba) reúne os últimos jaegers (como são chamados os robôs usados para combater os kaijus) ainda disponíveis e seus respectivos pilotos para uma derradeira investida numa tentativa de finalmente conter os inimigos.
            Dentre estes pilotos estão os protagonistas Raleigh (Charlie Hunnam) e Mako (Rinko Kikuchi), em uma atuação pra lá de convincente, principalmente pra dois atores até então relativamente desconhecidos. Todo o resto do elenco de apoio está excelente, principalmente a dupla de cientistas (Burn Gorman e Charlie Day) que serve de alívio cômico para o longa. Outro personagem interessante é o colecionador de kaijus Hannibal Chau (Ron Pearlman), que, mesmo com tão pouco tempo em tela, se mostra uma das figuras mais marcantes do filme. Mas quem rouba a cena mesmo é Idris Elba, que acaba sendo o grande destaque do elenco.
            Del Toro sempre deixou claro que é apaixonado pelo estilo, e talvez até mesmo por isso consegue fazer um filme fantástico, que faz até o mais cético dos críticos vibrarem na poltrona a cada soco despejado em meio a tantos combates épicos.
            Tecnicamente falando, os efeitos especiais são impecáveis. As criaturas, criadas através de efeitos digitais, são impressionantes, da mesma forma que os robôs pesadões. É incrível como os embates conseguem ser tão fáceis de acompanhar, bem diferente da bagunça tresloucada da trilogia Transformers. Alias, devo admitir que, por mais que eu goste da trilogia Transformers, Círculo de Fogo conseguiu ser tudo o que o outro não foi, não só no quesito efeito especial, mas em mesclar um roteiro ao menos digno em meio a tantas cenas de ação.
            O roteiro do filme é bem equilibrado, sabendo mesclar a pancadaria com explicações cientificas de como controlamos os Jaegers, o estudo humano sobre a fenda, ou sobre o que são os Kaijus e porque eles nos atacam. Vale ressaltar que o filme não é em momento algum previsível, e até os momentos finais não fazemos ideia do que está acontecendo e de como tudo vai terminar.
            Mas claro, os combates entres os gigantes são o principal atrativo do filme, embalados pela empolgante trilha de Ramin Djawandi (que eu inclusive já baixei).
            Vale ressaltar que para aproveitar o filme ao máximo ele deve ser visto nos cinemas. E não saia assim que o filme acabar, pois há uma breve cena durante os créditos finais.
            Enfim, Circulo de Fogo é certamente um dos blockbusters mais divertidos do ano até aqui. É um filme perfeito no quesito diversão. Se o filme tem defeitos? Desculpe, mas estava em êxtase vibrando e me divertindo e não reparei. E digo mais:
"Morando aqui nesta cidade enfrentamos muitos delinquentes
Em alta velocidade no carro robô gigante
Eu me amarro, Robô Gigante
Nós lutamos, Robô Gigante
Todos se amarram, Robôs Gigantes
As gatas também, Robôs Gigantes"
            E que venha Godzilla!

 

2 comentários:

Paulo Rennes Marcal Ribeiro disse...

Aprendi mais uma com o Padu Aragon. Cheguei a ver Ultraman, mas naquela época nem sabia que era uma série do gênero tokusatsu. Círculo de Fogo ainda não chegou em Araraquara, mas vai chegar logo...

Paulo Rennes Marcal Ribeiro disse...

Aprendi mais uma com o Padu Aragon. Cheguei a ver Ultraman, mas naquela época nem sabia que era uma série do gênero tokusatsu. Círculo de Fogo ainda não chegou em Araraquara, mas vai chegar logo...

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