Além da Escuridão Star Trek

domingo, 23 de junho de 2013


Em 2009, J.J. Abrams nos deu um novo Star Trek para um novo século. Quatro anos depois, Além da Escuridão reafirma de forma grandiosa a força desse novo Star Trek, mas deixando bem claro que esse novo Jornada nas Estrelas tem a cara do século XXI.

                 Em Além da Escuridão Star Trek, a tripulação da nave Enterprise acaba se vendo diante de um planeta primitivo, que está prestes a ser destruído devido à erupção de um vulcão. Na tentativa de evitar o pior, Spock (Zachary Quinto) é enviado para dentro do vulcão, mas problemas inesperados o impedem de regressar à nave. Para salvá-lo, James T. Kirk (Chris Pine)  viola uma das mais importantes regras da Frota Estelar, o que o faz perder o comando da nave. A situação muda por completo quando John Harrison (Benedict Cumberbatch), um renegado da Frota Estelar, coordena um ataque a uma biblioteca pública, que oculta uma importante base da organização. Não demora muito para que Kirk seja reconduzido ao posto de capitão da Enterprise e enviado para capturar Harrison em um planetoide dentro do Império Klingon, que está à beira de uma guerra com a Federação.
                A sequência inicial é espetacular. Foi a parte que mais remete ao clima de exploração da série original. Uma das maiores diferenças entre esse novo reboot da franquia e o material original é a falta de um maior apelo da exploração espacial, e de um contato com raças e culturas inusitadas, o que sempre foi a graça principal de Jornada nas Estrelas. Tanto no primeiro quanto no segundo filme, falta essa exploração do desconhecido. Até aqui, o que guiou esses dois filmes foi mostrar como a tripulação da Enterprise lida com desafios e as inúmeras, mas incrivelmente bem feitas, cenas de ação.
                Segundo os fãs da série, os episódios do programa sempre preocuparam-se em debater problemas da sociedade. Além da Escuridão não faz diferente. O filme revê a tensão que o terrorismo causa no mundo moderno. Todo o subtexto do ataque preventivo e a conspiração bélica na Frota Estelar espelha a Guerra do Iraque, e qualquer diálogo com a perseguição a Bin Laden no Afeganistão e Paquistão não deve ser mera coincidência.
                O novo vilão é também muito mais complexo, e traz um tom diferente à trama. Benedict Cumberbatch está impecável em sua atuação. Só acho que o filme poderia ter explorado um pouco mais a história do vilão, já que passa muito rápido e brevemente sobre sua origem.
                Chris Pine e Zachary Quinto também roubam a cena, como Kirk e Spock, respectivamente. Ambos expõem de forma impactante as vulnerabilidades emocionais, morais e mesmo físicas dos personagens. Spock é sensacional, e foi difícil não se emocionar ao ver seu lado mais humano sobrepor sua natureza vulcana em certas cenas. A química entre os personagens também melhorou consideravelmente. Após a introdução dos membros da nave Enterprise no primeiro filme, fica claro o entrosamento da equipe. Todos possuem seus papéis bem definidos.
                O humor do filme é digno de destaque, por está presente na medida certa, sem forçar a barra.
                Os efeitos especiais são ainda mais formidáveis que os do primeiro filme, por mais difícil que isso possa parecer. São inúmeras as cenas de ação, e o filme segue um ritmo alucinante em que não temos tempo pra respirar. A trama em si está longe da ousada arquitetura de jogo de xadrez dos filmes originais, mas acredito que isso seja mais parte da estratégia de J.J. Abrams de consolidar um público mais atual. Eu particularmente adoro filmes com roteiros mais complexos, mas o novo Star Trek ainda está conquistando a nova geração, e pra isso precisa seguir as tendências do mercado cinematográfico. Quem sabe num terceiro filme, uma temática mais inteligente seja abordada? Pena que o futuro de Star Trek agora seja incerto, já que Abrams vai focar sua atenção na franquia Star Wars. Eu, particularmente, queria ver mais desse universo trekker. Por mais que goste muito de Star Wars, o fato de Star Trek mostrar a Terra num cenário futurista e de exploração espacial, vai sempre me deixar com um gostinho de quero mais.


1 comentários:

Paulo Rennes Marçal Ribeiro disse...

Muito boa crítica. Muita sensibilidade. Padu Aragon está de parabéns.

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