Herança

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Até bem pouco tempo, Eragon nada mais era do que um pobre garoto da fazenda, e seu dragão, Saphira, apenas uma pedra azul na floresta. Em Herança, o destino de toda uma civilização está sobre seus ombros. Fortalecidos por longos treinamentos e incontáveis batalhas, Eragon e Saphira somam muitas vitórias, mas também colecionam as dores de perdas muito difíceis. Agora, a derradeira batalha está para começar.
O Cavaleiro e seu dragão chegaram mais longe do que qualquer um ousou imaginar.
Mas será que eles serão capazes de derrubar o poderoso tirano Galbatorix e restaurar a justiça no reino da Alagaësia? E se conseguirem, qual será o custo da vitória?

       Esperei dois longos anos por Herança. Assim que o livro teve sua versão brasileira lançada, o comprei de imeditato. Porém, antes de ler, tive que reler os três livros anteriores do ciclo. Como os livros de Paolini são cheios de detalhes, e a história vai crescendo em complexidade, o Ciclo A Herança acabou sendo uma das séries de livros que mais reli na minha vida. Isso provavelmente me ajudou na criação desse universo na minha mente, fazendo tudo parecer mais profundo, real e significativo.
       Como grande fã de Eragon, sou um pouco suspeito para falar, mas considero essa série uma das melhores que já li, senão a melhor. Não vou negar que o livro não tem um âmago no mínimo semelhante ao de Star Wars, mas Christopher o faz de sua própria maneira. Eragon consegue cativar e mostrar que cresceu bastante ao longo da saga, e a escrita do autor consegue nos envolver com a história e os sentimentos dos personagens. As descrições das batalhas, dos artefatos, das lendas, das lições, tudo faz com que Alagaësia pareça tão real quanto o nosso próprio mundo. O modo com que o autor escreve é fenomenal. Sua escrita é perfeita e nos envolve da primeira página até a última.
        Antes de falar do livro em si, vou falar sobre a edição da Rocco. Nos volumes anteriores a edição foi quase perfeita, não haviam muitos erros de gramática. Erros esses que aparecem aos montes em Herança. Palavras fáceis, com a gramática incorreta, erros de concordância em frases, e falta de travessões em diálogos são os principais erros que a editora cometeu. A qualidade da capa também não é muito boa, as bordas douradas envolta da imagem do dragão apagam com pouco tempo de uso e a imagem em si descasca facilmente. Espero futuras edições mais bem trabalhadas, Rocco!
       Mas vamos ao que interessa, que é a história em si. Esse é de longe o meu livro favorito do ciclo! Não só porque é aqui o auge de toda a história, mas porque me ensinou muita coisa importante.
Ler Herança foi uma das experiências mais difíceis que já tive com relação a um livro. Se por um lado eu queria terminar a leitura rapidamente para saber como tudo ia terminar, por outro, eu queria ir lendo cada vez mais devagar, porque sabia que seriam os últimos momentos juntos à Saphira, Eragon, Nasuada, Murtagh, Orik, Arya e Roran. Ler os livros de Christopher foi algo único e inesquecível. Esses personagens tornaram-se algo a mais para mim, quase como se eu os conhecesse.
       O último livro da trama tem um tom diferente dos demais. Se até aqui estávamos acostumados a ver Eragon se preparando, andando pela Alagaësia em busca de conhecimento e aprovação, em Herança Eragon e Saphira já são adultos e não há mais como adiar o confronto direto com Galbatorix. Assim, o livro é repleto de batalhas, muito bem descritas, e a cada capítulo que passa a pergunta permanece: como Eragon irá derrotar Galbatorix?
       Apesar de ser um livro de fantasia, Christopher resolveu as coisas de uma maneira bem real. Ele não criou nada de novo para que surgisse uma brecha por onde Eragon pudesse escapar. Óbvio que existe uma grande surpresa, mas está tudo de acordo com o que já foi dito. Eragon derrota Galbatorix de um jeito coerente, difícil e ao mesmo tempo simples.
       Uma das coisas interessantes é que o livro não termina logo após o confronto final entre Eragon e Galbatorix, ele mostra muitas das coisas que aconteceram depois, e termina de maneira satisfatória a trama individual de cada um dos personagens. Gostei particularmente do destino de Murtagh e de seu dragão vermelho Thorn. Paolini não poderia ter escolhido um final melhor para eles.
       Terminei hoje o livro, com muita dor e sentindo aquele velho vazio pós série maravilhosa.
       A história amadureceu, Paolini amadureceu.
       Como todo bom escritor Christopher escreveu um final completamente inesperado, um final que me chocou e que me entristeceu (me fazendo desejar muito que a saga tivesse um quinto livro), apesar de ser condizente com o que Eragon se tornou. Mas depois de tantas páginas, acho que ainda poderia haver um final menos trágico, menos triste, e talvez até mesmo um pouco melhor.

Eragon e Saphira aos 4 meses.

SPOILERS!

       No final, ver Eragon casado com Arya e com filhos, e Saphira com filhotes, teria sido um fim mais clichê, mas é o que todos esperavam, pois projetamos na fantasia o que gostaríamos para a vida real.
       Fiquei triste por não saber do real sentimento de Arya pelo Eragon, mas achei que a troca de nomes verdadeiros num dos últimos capítulos funcionou melhor do que teria sido um beijo de despedida.
       O final de Eragon foi melancólico e corajoso ao mesmo tempo. No fim, ele termina com a incumbência de recriar a ordem dos Cavaleiros se auto-isolando fora da Alagaësia. Eragon sofre do mal do cara que fica poderoso demais e vê que ele mesmo representa um problema, perde a motivação e escolhe se retirar em um último ato heróico e nobre.
       Fiquei triste com o destino do personagem, mas as coisas aconteceram como deveriam. Não é um "felizes para sempre", mas terminou da melhor maneira possível.
       Mesmo assim me pareceu terrivelmente triste que o homem responsável pela liberdade de milhares de pessoas e seres tenha que ser destinado a passar o resto da vida afastado de todas elas, principalmente das que mais ama. Fico imaginando se não seria solitário demais. Por isso, o que eu prefiro imaginar é que o ciclo, de fato, não chegou ao fim.
       Imagino que Arya um dia se verá sufocada pela vida de rainha dos elfos, e decidirá voar até as terras desconhecidas onde Eragon vive, para ajudá-lo a treinar os novos Cavaleiros e seus dragões.
       Murtagh, após anos passados nos cantos mais reclusos da Alagaësia, irá, como prometera, concluir seu treinamento com Eragon e os Eldunarí.
       Ismira, filha de Roran e Katrina, se tornará uma Cavaleira, e iria com os pais passar o resto de seus dias com Eragon em sua nova casa, treinando com o tio.
       Não vejo outra razão para Eragon nunca mais voltar à Alagaësia. Afinal, pra um cara que vai viver mais de mil anos nunca arrumar um tempinho pra sair de casa, só mesmo se tudo o que ele mais ama já estiver ao seu lado.


2 comentários:

Andressa Feijóo disse...

E como eu ouvi você falar desse livro hein.. ahaha Fofo você empolgado com suas nerdices! Sim, Eragon é nerd, supere isso! AHAHAH Sem ofensas!
Gostei de ver, usou parágrafos! ahaha Adorei amor! Está escrevendo cada vez melhor! Ficou muito bom! Seu bloguinho está a coisa mais fofa!
Só não gostei da Rocco, que papelão!

Fofo você querer um final feliz, amor, mostra que você é uma pessoa boa. E romântica. ahah Mas os heróis tem que fazer sacrifícios senão não são heróis.
ps: amei os desenhos que você achou, muito lindos!

Anônimo disse...

Muito bom! Perfeito!

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