O Banco

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Todos os dias, Alfred acorda às 5 da manhã e sai para caminhar. Seus netos não entendem. Afinal, se se é velho e aposentado, pensam, devemos tirar o tempo para descansar, fazer o queremos. De que adianta não termos  mais compromissos todos os dias? Às suas indagações, respondia simplesmente: 'Quando ficamos mais velhos, percebemos que nada é pior do que perder tempo acordando tarde e deixar a vida passar.'
E assim, todos os dias, o senhor de 80 anos sai para caminhar no início do alvorecer. Vê o nascer do sol enquanto caminha no calçadão da praia, pouco movimentado à essa hora. O mar cintila, brilhando como mil estrelas minúsculas no céu da noite, enquanto os primeiros raios do dia enchem a cidade de vida. Acabado o espetáculo, ruma para o parque. Lá, em meio a duas fileiras de árvores, sob o gramado do mais puro verde, espera o seu banquinho. Ali, todos os dias, Alfred senta e para por um tempo. Para tudo. Se abre à si mesmo, e se fecha às inquietações da vida comum. Sente a natureza ao seu lado. Ouve o som do farfalhar das folhas, o canto dos pássaros, o despertar da natureza. Expande sua mente, e sente a vida em todo o seu tipo de manifestação. Percebe como o Universo todo é coeso, como tudo funciona, e como somos pequenos perante toda a vida que sentimos ao nosso redor.
'Talvez, se fizesse isso desde cedo, tivesse tido uma vida um pouco diferente.' pensa às vezes, sem deixar de soltar um sorriso. 'Mas, como dizem, nunca é tarde para mudar.'
E assim os segundos viram minutos, e os minutos horas. Talvez alguns não entendem o que aquele senhor faz, parado em meio às árvores, distraido, alheio à tudo, por tanto tempo. 'Bobagem, é só um velho maluco.' podem dizer. Mas a todos eles, ele apenas diria: 'Estou vivendo.'

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